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História de ontem e de hoje

1.   Fundação (1800-1837)

Congregação dos Sagrados Corações foi fundada por Pe. José Maria Coudrin e Madre Henriqueta, na noite de natal de 1800. 
“A consagração aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria é o fundamento de nosso instituto" (BP). Daí se origina nossa missão: Contemplar, viver e anunciar o Amor de Deus encarnado em Jesus.
Na Igreja da França, em crise durante a revolução, a jovem congregação se fez presente de todas as maneiras e por toda espécie de obras. O serviço à Igreja chega a terras distantes. Neste espírito, São Damião de Molokai é a própria encarnação do carisma da congregação. 
Nas pegadas deste fervor missionário a Congregação dos Sagrados Corações chega ao Brasil em 1925. Pe. Gil, Pe. Matias e Pe. Eustáquio foram os pioneiros, e a congregação se estabeleceu através da presença de irmãos e irmãs vindos da Holanda, da Espanha.
São 88 anos no Brasil através dos leigos, leigas, irmãs, irmãos e sacerdotes dos Sagrados Corações!

2.   O desenvolvimento após os Fundadores (1837-1853)

As sucessoras da Fundadora foram Françoise de Viart (1834-1850) eContance Jobert (1850-1853). O bispo Rafael Bonamie foi Superior Geral dos irmãos (1837-1853).
Neste Período a Congregação sofreu fortes tensões internas. Devia-se continuar o estilo de vida e de trabalho no tempo dos Fundadores ou devia adaptar-se as mudanças da sociedade, da Igreja, da vida religiosa e ter em conta a nova situação criada sem a presença carismática deles? Estava a ponto de romper-se a comunhão da Congregação, não como algo momentâneo, mas de forma definitiva. É um fenômeno que se repete na história da vida religiosa, quando a geração que viveu com os Fundadores tem que viver uma situação em que novas normas supriram as referencia da própria pessoa dos Fundadores. Em 1853 os dois Superiores Gerais renunciaram e foram substituídos por Gabriela Aymer de Chevalerie e o padre Eutímio Rouchouze. Esses trazem de volta um grupo que deixaram a Congregação.
Apesar dessas tensões, a Congregação começou a crescer, fundam os irmãos a primeira casa fora da França, em Louvaina (Bélgica), as irmãs foram para oChile (1938) e Peru (1848). Aumentou sem cessar o número de irmãos enviados a América Latina e a Oceania. Desejavam profundamente que a Congregação comprometer-se com as missões, podemos apreciar o fato que possuía um barco próprio, o “Marie-Joseph”, que naufragou com 14 irmãos e 10 irmãs, na costa brasileira, a caminho da Oceania (1842).

3.   O tempo do restabelecimento e da Reflexão (1853-1870)

Após um momento delicado de confronte e de cisma, felizmente resolvido, chega um tempo, sob a liderança dos novos Superiores Gerais: Eutímio Rouchouze (1853-1869) e Gabriela Aymer de Chevalerie (1853-1866), que inicialmente teve um período de calma e de certa paralisação, mas também de reflexão, sobre si mesmo e de preocupação pelo crescimento, buscando novos membros para a Congregação.
O Padre Eutímio Rouchouze era um homem de grande profundidade espiritual, estava especialmente interessado na consagração aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria e o papel de ambos no mistério da salvação. Acentuou como caminho espiritual o assumir o sofrimento, completando a paixão do senhor por seu corpo que é a Igreja. Ao terminar sua vida, a Comunidade Havia recuperado seu entusiasmo apostólico e sua união fraterna, em um espírito de fidelidade a seu carisma.
A primeira opção da comunidade era o trabalho das missões estrangeiras, as irmãs chegam a Honolulu e ao Equador. Para preparar os missioneiros, criaram as “escolas apostólicas”: acolhiam a abundancia de jovens, muitos de fora da França, que desejava ingressar na Congregação, precisamente por esse traço que conheciam através das revistas missioneiras. Fruto e expressão desta realidade é o Pe. Damião de Molokai, que aos 33 anos de idade se ofereceu ao vicariato apostólico para ser “sepultado vivo” com os leprosos em Molokai (arquipelogo do Havaí). Desde do princípio se identifica com os enfermos e chegará a dizer: Nós os leprosos, uma identificação que não é de palavra e por ele chegará o dia em que o mal se manifeste em sua carne e comece a lenta destruição, até a morte.

4.   Um crescimento acelerado (1870-1914)

Durante o governo dos Superiores Gerais Marcelino Bousquet (1869-1911) eBenjamine Le Blais (1879-1893) e Marie-Claire Peruchet (1894-1925) a congregação se desenvolveu com grande rapidez, já que havia grande quantidade de candidatos. A fama do Pe. Damião de Veuster levou a muitos jovens a entrar na congregação.
O caráter anticlerical do governo francês obrigou aos irmãos e irmãs a fundar comunidades fora da França, é quando a congregação se faz verdadeiramente internacional. As irmãs fundam comunidades na Espanha (1881), Holanda, Inglaterra e Estados Unidos. Daí a necessidade de divisão da Congregação em Províncias no ramo dos irmãos.
Também é o momento da perseguição religiosa na França; foram executados quatros conselheiros gerais, os irmos mártires da Comuna. Na comunidade de Picpus é onde mais sofreram as consequências desta situação, que se tornou tão impossível de continuar que o próprio Governo Geral dos irmãos terminou por estabelecer sua sede fora da França, em Braine-le-Comte (Bélgica).
Uma figura notável da Congregação neste tempo é a do Pe. Mateo Crawley-Boevey. O Papa Pio X e o Padre Geral pediram-lhe propagar a Entronização do Sagrado Coração nos lares de todo o mundo, uma forma de apostolado das famílias que chegou ser uma atividade bem organizada e florescente de nossa Congregação em todas as partes.
Nesse período de Crescimento e expansão se coloca por escrito aquilo que se vive, a espiritualidade própria da Congregação. Em 1898 se publica “O religioso dos Sagrados Corações”.

5.   O desenvolvimento tranquilo e solução pacifica (1914-1940)

O Pe. Flaviano Prat (1912-1938) e as irmãs Marie-Claire Pecuchet (1894-1925) e Benjamine de Noual de la Billiais (1925-1948) são quem lideram os ramos dos irmãos e irmãs neste período, o período da primeira Guerra Mundial e o período anterior à Segunda Guerra Mundial. A guerra ocasionou vítimas entre os membros da Congregação e danos nas casas.
Depois da primeira Guerra Mundial, houve novamente um período de crescimento em toda Congregação e os irmãos souberam aproveitar. Já existiam as províncias da França, Bélgica e America Latina e criaram as da Alemanha, Espanha e Holanda. E começou a presença na Noruega, Portugal e Áustria. Inicia-se também a presença da Congregação na Ásia e África.
Mas a Guerra Civil Espanhola (catorze irmãos foram assassinados) foi prelúdio de um desastre de alcance mundial.
Não é um tempo, o de “entre guerras”, no que os irmãos e irmãs da Congregação se abriram a uma verdadeira renovação e aprofundamento da espiritualidade. Será preciso esperar as imensas mudanças que estão ocorrendo na sociedade e as questões em aberto sejam escutadas, na realidade, será necessário esperar os tempos do Vaticano II (1962-1965). A Congregação até então vive da tradição recebida e não caminha em novas rotas.

6.   A transição a um novo período (1940-1960)

Em 1938 o Pe. Jean Du Coeur de Jesus d’Elbée foi eleito Superior Geral dos irmãos. Em 1958 renunciou a ser “De por Vida” (Assim era até então) e sucedeu-lhe o Pe. Henry Systermans, belga, o primeiro Superior Geral não Francês. Durante seu governo, apesar dos estragos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a comunidade se multiplicou rapidamente: de 1143 professos em 1935, passou para 2000 em 1958. As irmãs em 1955 eram 1500. Era tempo também de crescimento para os países com presença da Congregação: por exemplo, as fundações dos irmãos na Polônia, Irlanda e Canadá.
Mas os anos 50 já apontam um tempo de mudança, cada vez se sentia com maior força a necessidade de reformular nossa herança espiritual de novas perspectivas teológica, bíblicas e históricas. Nessa direção foram tomadas várias iniciativas. No entanto, a virada dramática que levou ao Concilio Vaticano II é o que desencadeou uma abertura a caminhos totalmente novos. A parti daí vem se abrindo, cada vez mais decididamente, o que podemos chamar o “hoje” da Congregação, com todas as suas luzes e todas as suas sombras, com sua riqueza e seus desafios, com seus lugares de crescimento e morte ou de vida com difíceis perspectivas de futuro.

7.   A Congregação do Vaticano II até hoje (1958-Atualidade)

As profundas mudanças que ocorreram na sociedade e na Igreja ao longo da segunda metade do século XX acompanharam e repercutiram na vida da Congregação.
Ao Longo deste tempo sucederam como Superiores Gerais (a partir de agora passam a ser “ad tempus” por seis ou doze anos no máximo), o belga H. Systermans (1958-1970), o Holandês Jan Scheepens (1970-1982), o Irlandês Patrick Bradley (1982-1994), o espanhol Enrique Losada (1994-2006) e desde 2006 até a atualidade Javier Álvarez-Ossorio, também espanhol. E no ramo das irmãs Zenaide Lorier (1948-1964), Brigid Mary McSweeney (1964-1975), as espanholas Maria Paloma Aguirre (1975-1983) e Maria Pia Lafont (1983-1994), Jeanne Cadiou (1994-2006) e a espanhola Rosa Mª Ferreiro (2006-2012) e atualmente a equatoriana Imperatriz Arrobo eleita em 2012.
Trata-se de uma época de muitas mudanças e tensões na Congregação, que somente cabe enumerar sem aprofundar nelas.
O Concílio Vaticano II (1962-1965) suscitou uma profunda reflexão sobre a natureza e missão da Igreja no mundo. Fez um balanço da situação e propôs caminhos para o futuro. Também para essa parcela da igreja que é a vida religiosa. O decreto “perfectae Charitatis” de alguma formar marcam pistas básicas para a renovação e daí deriva uma corrente de vida que está em meios das tensões que vivem todas as congregações entre a fidelidade à tradição e a busca de novos modos de vida e missão para a vida religiosa hoje.
No que se refere aos irmãos (irmãs também, antes as vezes e algumas vezes depois, tenham dado passos parecidos), podemos descrever os marcos de uma crise profunda da Congregação:
O Vaticano II abre todas as portas somente nos 12 anos de governo de H. Systermans (1958-1970) “mudou quase tudo”. Acentua-se a descentralização da Congregação, as Províncias passam a ter capítulos provinciais com capacidade de tomar decisões em diversos assuntos. Vai incubando uma tensão  entre o que é a vida dos religiosos, mais pegada a missão e inserção na Igreja Local e essa dimensão  de “comunidade internacional”, de Congregação, que fica sem possibilidade de garantir a unidade.
Assim Chegamos ao Capítulo Geral de 1982, que ofereceu a Congregação um programa para o futuro: construir um mundo mais justo em solidariedade com os pobres, alcançar uma renovada e inspirada vida comunitária em todos os níveis, buscar juntos o que é essencial em nosso carisma e missão. Algumas direções que foram alimentadas especialmente com a presença frequente do Governo Geral nas Províncias (Capítulos provinciais, Conferencias Continentais, encontros internacionais...) e juntamente com aprofundamento e a animação para por em pratica iniciativas com essas três linhas de crescimento.
Naqueles anos, também ocorre o processo de participação de toda a Congregação na elaboração progressiva das novas Constituições e Estatutos da Congregação. Ainda contando com as diferenças, vão aparecendo pontos de encontro, muito mais que no recente passado que precede. E já vai emergindo progressivamente a autonomia das províncias, um sentimento de pertença a uma mesma comunidade internacional, no qual todos seus membros vivem e trabalham com um mesmo carisma e com uma mesma visão e missão. Uma nova consciência que se expressa de muitas maneiras na vida e amplitude global também dá lugar à ideia de estar em outros continentes, não somente na perspectiva de missão, mas também na de chegar a ser Congregação com o “rosto” próprio de cada continente ou país: Na África, na Ásia, na Indonésia, em alguns países da America Latina.
Nesta evolução mais estrutural, tem acompanhado algo que dá vida e esperança e com que identifica as novas gerações de religiosos/as, que não são prisioneiros de nenhum passado, apesar de valorizar apaixonadamente, nossa origem como Congregação. Poderíamos dizer que a Congregação tenha vivido um longo caminho nas últimas décadas em busca de nosso carisma ss.cc. o convite a fazê veio do Concilio. Já as Constituições de 1964 recorem elementos e sensibilidade que em algum aspecto soa a futuro; logo, em 1970, A regra de Vida, de tanto valor e inspiração para muitos membros da Congregação durante esses anos; estudos sobre algum ponto do carisma e sobre tudo outros de índole históricas sobre a época dos Fundadores e a comunidade primitiva; ensaios de reformulação do carisma de quem se atreveram a partir de diferentes perspectivas de alguns irmãos e irmãs do Capítulo primeiro das Constituições, “nossa vocação e missão ss.cc.”, em 1988, entre outros, são marcos de um movimento positivo gerador de identidade, de vida, de esperança para a Congregação hoje.
Com essa bagagem espiritual e organizacional, a Congregação vai adquirindo uma fisionomia multicolorida. Encara o futuro, desde diversidade que enriquece a ser animada pela mesma espiritualidade e missão: Com desafios diferentes no continente europeu ou America do Norte do que nos países da America Latina; com presenças de longa data, junto com outras que acaba de ser iniciadas, na Ásia ou na África; com um caminho de unidade, relação na vida e colaboração na missão entre irmãos e irmãs; com o desafio não somente de viver de forma significativa o carisma ss.cc. no ramo masculino e feminino, mas também nos diferentes “estados de vida” em que os cristãos encarnam sua história de vida.
Essa é a Congregação dos sagrados Corações que é na atualidade uma só Congregação, uma família ss.cc. de religiosos, religiosas e leigos. No Capítulo Geral de 2006 dos irmãos, sublinha o fato de que o Senhor nos chama a ser contemplativos, companheiros e compassivos. Trata-se, antes de tudo, de contemplar a Jesus, sua pessoa, sua palavra, sua presença sempre atual. De acompanharmos mutuamente e estender a fraternidade nos mais diversos âmbitos. De traduzir essa contemplação e fraternidade compaixão, que testemunha o amor de Deus, especialmente aos mais vulneráveis ​​e marginalizados.

8.   Conclusão

Este ideal dos fundadores é resumida em poucas palavras pelo 6º Superior Geral dos Irmãos, Pe. Jean d”Elbee:” A nossa congregação é pequena em números, mas muito grande sobre os dons divinos que recebemos abundantemente: O Sagrado Coração de Jesus e do Coração Imaculado de Maria, inseparáveis entre si e estreitamente unidos na Santa Eucaristia e Missão de fazer amar, onde o amor não é amado. Não há missão mais gloriosa, porque Deus é amor”.